Eu e a minha irmã sempre fomos muito ligadas ao meu avô. E ele a nós. Ele tratava-nos carinhosamente por minhas meninas, e era um ser humano fantástico.
O meu avô foi consumido por uma das doenças que julgo ser uma das mais tristes que o ser humano pode padecer.
O meu avô António era um homem que infelizmente sempre foi frágil no que diz respeito à sua saúde. Foi submetido a muitas operações durante toda a vida. Sempre enfrentou todas as dificuldades pelas quais passou de cabeça erguida. Recordo-me das suas histórias com o maior orgulho e vivo feliz com a ideia de que tinha na minha família uma das pessoas mais lutadoras que algum dia conheci ou irei conhecer.
A vida foi ingrata. Aos quase 70 anos a vida pregou-lhe uma partida. Mais uma. Dentro de tantas outras pelas quais ele passou.
Inicialmente não entendemos o que se passava.
O meu avô tinha um relógio de bolso que conservava desde sempre. No início da sua doença ele acertava o relógio muitas vezes ao dia. Este comportamento foi o primeiro sinal da doença, mas nessa altura estávamos longe de imaginar de que se tratava.
Com o passar do tempo, começámos a notar que contava muitas vezes a mesma história. Que se esquecia frequentemente de momentos mais recentes, que ia para a rua e depois entrava em pânico por não saber o que estava ali a fazer.
Foi nessa altura que o médico lhe diagnosticou Alzheimer. Foram-lhe receitados uns comprimidos. Comprimidos esses que eram um balúrdio de preço porque não eram completamente comparticipados pelo estado. Lembro-me que uma caixa não dava sequer para todo o mês. Jamais alguém que recebe uma reforma dentro da média consegue suportar os custos. Felizmente não foi o caso e nunca lhe faltou qualquer medicação.
Com o avançar da doença é que fui entendendo a real gravidade.
Posso dizer que o meu avô frequentemente acordava a meio da noite em pânico porque dizia ver a casa a arder, dizia muitas vezes que não tinha filhos, que aquela não era a casa dele, que não comia há mais de uma semana, que queria acabar com a sua vida.
Acho que só quem convive diariamente com a doença irá conseguir identificar-se com o que eu estou a dizer.
Viver com um doente de Alzheimer é viver em alerta constante. É esconder todos os objectos cortantes ou perigosos. É trancar todas as portas e janelas. É ter a paciência do tamanho mundo , é viver com o coração apertado todos os dias.
Recordo-me de me sentar durante horas com o meu avô a ouvir a mesma história. Vezes e vezes sem conta. Contava-lhe vezes e vezes sem conta que tinha dois filhos, que estava na sua casa, que a sua mãe já havia morrido há muitos anos. Todos os dias lhe perguntava várias vezes em que dia da semana estávamos e em que ano. Nunca acertava. Levava-o à rua algumas vezes porque se movimentava bem.
Certo dia o meu avô caiu no quintal. E essa queda ditou-lhe o fim da sua mobilidade. A partir daí passou a estar acamado. Se anteriormente era difícil, depois de não se conseguir mobilizar fica ainda pior.
Com o avançar da doença tudo piorava. A capacidade de discernimento dele era então inexistente. Esqueceu-se da sua esposa, dos filhos, da família. A dado momento o meu avô entrou em colapso tal que gritava horas e horas sem fim. Simplesmente gritava. Gritava sem parar, sem explicar o porquê. Gritava até lhe faltar a voz. E chorava muito quando percebia o que estava a fazer.
Às vezes tinha momentos de lucidez. Eram bons esses momentos, apesar de raros.
O meu avô António esqueceu-se onde morava, de onde veio, quem era a sua família. O mais grave é que o meu avô se esqueceu de quem era. A dada altura já não se conseguia lembrar do seu nome, tão pouco da sua idade.
Mais tarde, a doença começou a afetá-lo ainda mais a nível físico. Teve que ir para um lar especial, com pessoas que tinham capacidades médicas para lidar com ele. Recebia visitas da família todos os dias. Mas nessa altura já não falava. Já não se mexia. Tinha respiração assistida.
Na última vez que o fui visitar com a minha irmã, lembro-me que quando nos viu os seus olhos brilharam e disse "olá, minhas meninas".Recordo-me o quão impressionada fiquei, não só pelo facto de ter conseguido falar, mas por se ter lembrado de nós. Foram as suas últimas palavras.
Morreu aos 86 anos vítima da doença que lhe roubou a identidade e que o fez esquecer de si próprio. Passou os últimos anos da sua vida apenas a sobreviver de forma medíocre e triste. Digo medíocre, não por não lhe terem sido prestados os melhores cuidados possíveis, mas porque a vida não é nem pode ser isto. A vida não é nem pode ser sofrimento. E grande parte da vida do meu avô António foi.
O Alzheimer é uma doença que suga a vida aos poucos. Vai roubando, a pouco e pouco, a essência da vida. E de que servirá respirar se na verdade já não se está realmente a viver?
1. Estou a terminar a licenciatura em antropologia.
2. Tenho 22 anos de idade.
3. Adoro café. Acho mesmo que sou viciada em café. Não consigo passar um dia sem cafeína, o que pode ser grave. Transformo-me quando não bebo o meu café matinal.
4. Não fumo. Detesto o cheiro a tabaco, para ser sincera. Detesto mais ainda pessoal que fuma sem ter o cuidado de não soprar o fumo para a cara das pessoas que estão ao seu redor.
5. Detesto cozinhar só para mim.
6. Pratiquei natação durante quase toda a vida. É o meu desporto favorito.
7. Não gosto de ovos. Nem fritos, nem escalfados, nem cozidos, nem mexidos.
8. Faço voluntariado com crianças.
9. O meu filme de infância favorito era a Pocahontas. Sempre chorei baba e ranho quando o via. Tenho a certeza que se o for ver hoje choro que nem uma madalena.
10. Sou adepta do Sport Lisboa e Benfica.
11. Sou amante de sushi.
12. Sempre quis ter um coelho.
13. Não gosto de cerveja.
14. Não gosto de falar muito tempo ao telemóvel.
15. Adoro ler.
16. Tenho frequentemente dificuldades em concentrar-me quando tenho muita coisa para fazer.
17. Não gosto de Mac'Donalds.
18. Tenho uma aplicação no telemóvel que me lembra durante o dia que tenho que beber água.
19. Um dos meus destinos de sonho é o Japão.
20. Amo dormir até tarde. Custa-me horrores quando tenho que acordar antes das 8h.
21. Preciso de uns 7 despertadores para conseguir sair da cama.
22. Gosto que me mexam no cabelo.
23. Só entro na igreja em baptizados e casamentos.
24. As cores nude são as minhas favoritas.
25. Prefiro salgados aos doces.
26. Quando era pequena queria adoptar um urso.
27. Tenho uma grande colecção de pantufas.
28. Não consigo dormir com meias calçadas.
29. Sou péssima a decorar nomes de pessoas.
30. Jamais esqueço a cara de alguém que me marca, quer pela positiva ou negativa.
31. Raramente alguém me consegue enervar ao ponto de perder o controlo.
32. Sou bastante trapalhona.
33. Sou ligeiramente desbocada.
34. Adoraria saber cantar.
35. Quero experimentar fazer paraquedismo.
36. É muito difícil chatear-me definitivamente com alguém.
37. Quando era pequena não gostava de barbies nem bonecas.
38. Já trabalhei num call center de telecomunicações e arrependi-me profundamente.
39. Adoraria ser mais organizada.
40. Sou impaciente.
41. Chumbei no primeiro exame de condução.
42. A minha bebida favorita é chá.
43. Já escrevi um livro à mão, em papel. A minha mãe mandou-o para o lixo, julgando ser um caderno velho que já não usava.
44. Já fui atropelada.
45. Sonho em voz alta. A minha mãe já chegou a descobrir uma negativa num teste de matemática devido a este problema (sim, isto pode ser um valente problema).
46. Não consigo dormir se tiver algum assunto urgente pendente.
47. Os meus pais e a minha irmã são as pessoas mais importantes da minha vida.
48. Detesto osgas, são o animal mais nojento de todos os tempos.
49. A coisa que mais me enerva é que me virem as costas enquanto estou a falar.
50. Nestes quase três meses de blog já pensei em desistir umas três vezes. Confesso que tenho ainda uma certa dificuldade em lidar com alguns comentários que não são críticas construtivas mas sim abordagens maldosas.
Nos últimos tempos tenho reparado que a nova moda é o sushi.
Antes desta moda do peixinho cru chegar eu já gostava, e muito! Aliás, andei imenso tempo para provar porque achava estranho como é que as pessoas podiam gostar tanto de comer peixe cru enrolado em arroz e algas.
Bom, obviamente que depois de provar percebi que o sushi vai muito para além disto. O sushi de qualidade, obviamente.
Acho que o que mais gosto é mesmo a fusão de sabores.
Já provei sushi muito mau, confesso. Mau mesmo. Daquele sushi que é tão mau que é provavelmente o causador de algumas pessoas detestarem este tipo de alimentação. Mas também já provei sushi muito bom. E é isso que me faz continuar a provar sempre que posso e que me apetece.
Recentemente tomei conhecimento de um conceito diferente: sushi alentejano.
Eu, amante do sushi tradicional, torci logo o nariz . Como assim, sushi alentejano? Arroz com migas? Algas com morcela? Fiquei curiosa e com vontade de experimentar mas por outro lado com um certo receio de não gostar.
Fui na terça-feira provar e comprovar este conceito no restaurante Gustus em Lisboa. E fiquei rendida!
Vamos por partes:
O espaço: bem localizado, no centro de Lisboa. Apesar de ser relativamente pequeno, é agradável e bastante intimista.
(Imagem retirado do site)
O atendimento: funcionários simpáticos e prestáveis. Para quem não conhece o conceito, explicam tudo muito direitinho antes da escolha ser feita. Nós acabámos por aceitar a sugestão do funcionário que nos atendeu. Destaco ainda a rapidez do serviço. Sou pessoa que se enerva facilmente com longos períodos de espera e este tipo de atendimento rápido e eficaz ganha imensos pontos a favor.
A comida:
Entradas e bebida: As entradas estavam divinais,principalmente aquele queijinho de Nisa barrado no pão alentejano. Ahhh, a sangria de frutos silvestres é top! Juro-vos que foi uma das melhores sangrias que provei em restaurantes de sushi.
Sushi e sobremesa: Não estava à espera de gostar tanto, confesso. Apesar de ter ido com a mente aberta, fui com a ideia que o conceito de comida alentejana não liga com comida japonesa. Percebi que estava enganada, pois claro. A fusão de sabores resulta na perfeição. Houve apenas uma peça que não gostei. De porco preto, se não estou em erro. As restantes estavam no ponto. Chamo-vos a atenção para uns combinados de sushi frito que foram provavelmente as minhas peças favoritas. São aquelas oito pecinhas que estão do lado direito em fila pirili. São viciantes!
Em relação à sobremesa, escolhemos salada de fruta e brigadeiro de chocolate. Fiquei arrependida de não ter provado um dos doces da casa, mas só no final da refeição entendemos que havia uma crumble de maçã com gelado que consta que faz as delícias da casa. Fica para a próxima.
O Gustus foi um restaurante revelação e que me surpreendeu pela positiva. Irei com certeza voltar e provar tudo o resto que não tive oportunidade.
E então? Por aí também há muitos apreciadores de sushi?
Para quem quiser experimentar, a Odisseias está com uma promoção muito boa. Se tiverem curiosidade podem consultar aqui. Para quem for provar, não se esqueçam de depois me contarem se gostaram tanto quanto eu.