Sobre o massacre em Franca.
Quando era criança a minha mãe dizia-me que existiam pessoas más. Eu chamava-lhe má quando ela me obrigava a comer a sopa. Eu achava má a minha professora que me mandava muitos trabalhos de casa. Eu achava mau o meu pai que não me deixava ver televisão até tarde.
Estava longe de imaginar que a maldade que a minha mãe se referia era completamente diferente da minha realidade da altura. Afinal o mundo está repleto de tanta maldade. Mas maldade à seria. Daquela maldade que faz o nosso coração congelar e que nos faz temer. Que nos faz questionar a existência de Deus.
Ás vezes pergunto-me o que se passa com este mundo. Ou melhor: o que se passa com os habitantes deste mundo?
Esta notícia faz-me entender que, cada vez mais, as pessoas estão a tornar a Terra num planeta medíocre.
Custa-me a acreditar, é completamente impossível compreender ou aceitar que a realidade possa ser tão dura.
Como alguém consegue roubar tantas vidas e mexer desta forma com a lei natural do universo?
É preciso ter-se sangue frio.
O ser humano consegue ser tão cruel, tão bárbaro, tão violento.
Recuso-me a intitular estes indívudos de seres humanos. Recuso-me a olhar para eles como seres iguais. São tão desumanamente animalescos que mancham aquilo a que chamo humanidade.
Ser confrontada com esta realidade dói. Dói e faz-me questionar tanta coisa.
É neste tipo de alturas que gostaria de regressar aos meus tempos de criança. Regressar ao meu mundo pequenino. O meu mundo sem maldade. O meu mundo alheio à medriocridade de alguns adultos.